domingo, 29 de março de 2009

Greve prêt-a-porter

A moda da estação, na simpática cidade de Aracaju, que completou 154 anos este mês, é a greve.

Os médicos da rede municipal estão em greve desde 3 de março, e as enfermeiras e técnicos estão ameaçando aderir em breve.
Na madrugada da última sexta-feira, 27, foi a vez dos motoristas e cobradores de ônibus iniciarem paralisação, reivindicando aumento salarial, pagamento de horas extras e maior segurança contra assaltos.

Atividades como ir trabalhar, ir à universidade, ir ao posto de saúde, etc, se tornaram um tormento para boa parte da população de Aracaju, cidade com pouco mais de 536 mil habitantes.

Esse mês a passagem de ônibus aumentou de $1,75 para $1,95 (os donos das empresas de ônibus haviam proposto um aumento para $2,10!). Mas boa parte dos ônibus continua em mau estado, especialmente os que fazem linhas para as zonas periféricas da cidade (experimente esperar por um Circular Cidade 2, no Terminal D.I.A., às seis da tarde), e os rodoviários não tiveram aumento salarial. Fora que os assaltos a ônibus continuam crescendo: é muito comum passar pela frente da Delegacia Plantonista da capital e ver um ônibus parado lá, de dia ou de noite.

Nesse mesmo ínterim, a bandeirada do táxi aumentou de $2,80 para $3,10, e com a greve dos ônibus, os taxistas se tornaram os alvos mais visados para assaltos. Só esse final de semana foram três, segundo o motorista com quem viajei ontem à noite. Segundo o mesmo senhor, os policiais militares vão aquartelar essa semana (isso significa um tipo de paralisação).

A cidade está parando, e as reclamações se voltam para o governo municipal. A página da Superintendência de Transporte e Trânsito, SMTT, não pronuncia nada a respeito do caos no transporte público e a população se encontra praticamente indignada, mas apática.

A greve dos rodoviários foi declarada ilegal ainda hoje. Todos os trabalhadores que aderiram à mesma serão demitidos por justa causa, de acordo com o noticiário de hoje. O que quer dizer que vamos continuar pagando $1,95 pelo transporte urbano, e rodando em ônibus esfrangalhados, velhos, e sujos, e reclamando disso com os motoristas e cobradores, como se eles fossem os donos dos carros.

Nos últimos anos, nem pichações de protesto de cunho social e/ou político vemos mais pela cidade, ao lado dos grafites. Mais um indício de que maus serviços públicos e acordos insatisfatórios entre trabalhadores e patrões serão, mais uma vez, a tendência da estação.

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