domingo, 18 de abril de 2010

A adolescência pesada numa balança

Sabe quando você pensa que todas as merdas do mundo acontecem na sua família? E você se acha o/a esquisitão/esquisitona, e acha que sempre a grama do vizinho é mais verde? Pense que as coisas podem ser piores e seja bem-vindo - mais uma vez - ao maravilhoso mundo da adolescência!


"As melhores coisas do mundo", de Laís Bodanzky, é uma amostra concentradíssima do que se passa na família de classe média de Mano, um adolescente de 15 anos que sonha em tocar guitarra para comer as menininhas do colégiopequeno-burguês em que estuda.. As coisas começam a mudar quando um problema familiar o coloca numa encruzilhada. Mano tem, então que escolher que atitudes tomar diante de uma "popularidade" instantânea, do preconceito, das inseguranças, dos conceitos formados, do sexo e do amor. Mas sem essa furada de "ter que virar adulto": deixar de ser adolescente não é uma opção que está a seu alcance (talvez a de ser um adolescente menos ababacado, na melhor das hipóteses).


Nem isso salva o filme de alguns clichezinhos do tipo "Meu Primeiro Amor" e os cortes chegam a incomodar, por serem tão perceptíveis. Mas preste atenção à atuação de Francisco Miguez, que faz o papel de Mano, e de Gabriela Rocha, interpretando a melhor amiga dele, Carol. E não faça essa cara de blasé por causa do Fiuk, ele tem seus momentos. Aliás, os melhores momentos do filme são as "cagadas", dos adolescentes e dos adultos, e Mano tentando tirar "Something", de George Harrisson, no violão, e tocando "Stairway to Heaven" para o irmão.


Talvez até sem intenção, o longa mostra que a adolescência parece ser a fase menos racional das nossas vidas, e talvez seja a mais fodida mesmo. Mas quem não teve espinhas, colou pôsteres ou rabiscou as paredes do quarto, chorou no travesseiro de noite, lamentou a família esquisita que tem/teve, se apaixonou pelo garoto/garota mais bonito/a do colégio ou foi reduzido à panelinha dos sem-grupo, que atire a primeira pedra.

Dormir quando você encontra os primeiros pêlos no seu corpo que antes não estavam lá, e só acordar quando sumir a última espinha (porque pés na bunda você continua a levar): é fácil pensar isso da sua adolescência depois que você já passou por ela. Mas extinguir essa fase complicada das nossas vidas também significaria excluir nossas primeiras experiências em MUITA coisa: nossos primeiros beijos e amassos, o primeiro fora, as primeiras espinhas, as primeiras drogas (lícitas ou não), os primeiros acordes de músicas que vão acompanhar a sua vida daí em diante.


Acho que sou meio estranha por dizer isso, mas... saí do cinema feliz por ter vivido essas coisas, e por ter podido inventar meus próprios meios pra descobrir algumas das melhores coisas do mundo, que vão ficar marcadas pra sempre!

4 comentários:

Mariana disse...

acho que não vou ter tempo pra ver o filme essa semana e o filme deve ficar só esse tempo mesmo em cartaz, então deve passar em branco. por mais que toda a temática adolescente talvez esteja meio desgastada, sempre é bom ver quem sabe tratar do assunto, no meio de tanta babaquice que nem colírios da capricho e etc. achei engraçado só gente que torceu o nariz por causa do fiuk e porque era teenage movie - o mesmo tipo de pessoa que fica com um mimimi de 'eu sempre fui outsider rejeitado no colégio, sou tão diferente da maioria, etc etc'.

Tatiana disse...

pois é, a nossa hipocrisia faz parte... kkkkk
espera o dvd então, Mari! vale a pena.
xero!

Fernanda Rodrigues disse...

você me deixou com mais vontade ainda de ver o filme, insuportavelzinha =P hahahah.
excelente seu resumo tati (ainda mais pra alguem que passou por TUDO e mais um pouco do que você falou!)

Tatiana disse...

kkkkkkkk! vá ver, go go go! estou recomendando até pros meus alunos adolescentes :D
e obrigada pela 'audiência', Ferfs! ;*