Faz quase uma semana que vi aquele que sempre foi meu Beatle favorito numa apresentação ao vivo, e são tantas coisas que eu poderia escrever sobre essa experiência que não sei exatamente como fazê-lo, mas vamos lá.
O último show no Brasil da "Up and Coming Tour" começou, como os anteriores, com cerca de quinze minutos de projeções que contavam, resumidamente, a história da carreira de James Paul McCartney. As expectativas do público eram muitas, a começar da minha, mesmo, que sonhei (literalmente) uma dúzia de vezes com aquela noite, e pelas conversas que pude ter com pessoas que conheci lá na pista. Afinal de contas, para muitos se tratava de 17 anos de espera, desde a última vez em que Paul esteve em terras tupiniquins.
Como eu ia dizendo, nossas expectativas eram tão altas quanto os pulos que dei assim que tocaram os primeiros acordes de "Magical Mistery Tour", seguida de "All My Loving". Achei que fosse ficar logo sem voz, mas essa possibilidade, junto com as dores e o cansaço físico de toda uma tarde e noite em pé, e até a chuva foram embora, afastados por acordes mágicos. Porque era muito fácil ignorar tudo isso, e apenas voltar todos os sentidos para o que estava acontecendo naquele lugar. Eram 60 mil pessoas cantando "Band on the Run", "Something" (a mais bonita homenagem da noite, na minha opinião, ao meu segundo Beatle favorito, George), "A Day in the Life", "Give Peace a Chance" (homenagem a John), "Let It Be", "Hey Jude" e mais tantas outras.
Difícil não se deixar envolver por essa atmosfera re-ple-ta de tanta energia positiva: as mesmas 60 mil pessoas juntas no mesmo lugar, entre apertos, esbarrões e pisadas nos pés - e no entanto não tive notícia de nenhuma briga acontecida ali. Famílias inteiras, adolescentes, adultos e até idosos berravam as canções a plenos pulmões. Difícil acreditar que era um Beatle ali naquele palco, não apenas cantando para nós, mas cantado conosco, em meio a saudações, piadas e gestos engraçados. Fomos contaminados todos pelo carisma de James Paul. Difícil não entender porque essa apoteose se assemelha tanto a um sonho.
De todas as palavras que posso escolher para definir o show da minha vida, vou escolher "coração". Foi até onde Paul chegou na noite do dia 23 de novembro de 2010, em 60 mil corações. E se ele encontrou essa estrada aberta, foi porque primeiro deu - e ainda dá! - a nós, por 50 anos, também o seu coração.
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