quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Caso Ana Flávia

Você, caro leitor, já deve bem ter percebido que os cameramen amadores estão em alta na imprensa. Os casos mais famosos recentemente foram os vídeos do "DEVOLVE O MEU CHIP, PE-DRO!" e da professora baiana dançando o "Tudo enfiado" e fazendo strip-tease no palco. Os dois protagonistas dos respecitvos fatos, aliás, viraram algum tipo de celebridade depois da notoriedade dos vídeos.

Agora temos mais um caso bombando no Youtube: o da médica sergipana Ana Flávia Pinto, que protagonizou um escândalo na madrugada do último dia 26, num flagrante claro de racismo contra um funcionário da GOL, Diego Gonzaga, ocorrido no aeroporto Santa Maria, em Aracaju. (Assista AQUI o vídeo e tire suas próprias conclusões).

A dra. Flávia, que deveria embarcar para sua lua-de-mel na Argentina, chegou ao aeroporto faltando 15 minutos para o embarque, e - obviamente - foi proibida de embarcar. Descontrolada, a médica pulou o balcãozinho do check-in da GOL e se sentou na esteira de bagagens, recusando-se a sair. Daí começou a profusão de ofensas contra os funcionários: "Quem vai pagar minha passagem? Esse morto de fome, que não tem nem onde cair morto? É um povo bando de analfabeto [sic] que não tem nem onde cair morto. Não tem dinheiro nem pra comprar feijão. Esse 'nêgo'."

Fiquei com dó do marido dela, coitado, em plena lua-de-mel ter que passar uma vergonha dessas. O cara ainda tentou amenizar, tentando fazer com que a mulher saísse da esteira. E quando ela finalmente saiu, avançou para o balcão dos computadores onde os funcionários do check-in trabalhavam para quebrar o máximo que pudesse. (Não sei o que aconteceria se chegasse um negro rico no consultório da Dra. Flávia).

Na nota oficial de desculpas, ela afirmou que seu comportamento ocorreu "em razão do estresse, ansiedade e desgaste físico relacionado às fases antes, durante a pós núpcias." Que seja, não importa. Poderia ter sido um pobre ou outro rico a fazer isso; um negro, um asiático, um índio, qualquer pessoa. A questão é que a reação violenta é só uma amostra do quanto o preconceito, a discriminação e o racismo ainda estão presentes de forma tão latente na sociedade. 

O século XXI está tão contraditório, mas tão contraditório, que tem sido o século da tecnologia, da 'modernidade', do acelerador de hádrons, e o século da continuação cultura da violência. E, a propósito, como disse o velho Einstein, "a Terceira Guerra Mundial, se houver, vai ser travada no pau e na pedra." Né?







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