Acabei de assistir a versão brasileira do "British's Got Talent", um horror de imitação.
O "Qual é o seu talento?" não passa de um programa de auditório, com um 'repórter' que faria boa figura num filme Harry Potter, e quatro 'jurados' absolutamente parciais. Cadê a dureza do Arnaldo na hora de avaliar a performance de um guri de quatro anos coreografando pagode na TV aberta? Deixa pra lá, se o Conselho Tutelar deixou, né? Deixa, só porque o garotinho é negro e pobre, e teve graves problemas de saúde quando nasceu, e, claro, isso é comovente, e com certeza o público não gostaria nem um pouco se ele não fosse classificado, pobre garotinho...
Ah, e tem também a versão brasileira do Paul Potts! É um 'limpador de vidros' que canta ópera; inclusive ele cantou a "Nessun Dorma", mesmíssima música que o Paul cantou na versão inglesa do programa... E, claro, o dos vidros contou antes sua história comovente, que passou por momentos difíceis trabalhando fora do Brasil, mas que sempre amou a música e o pai dele morreu e ele não pode ir ao enterro, mas que o velho queria que ele fizesse o que gostava, bla bla bla
Sabe, uns disseram que a vida imita a arte, outros que a arte é que imita a vida, aí tem aquela coisa da mimesis e da diegesis, mas hoje tá tudo uma bagunça: a arte imitando a arte, a "arte" imitando a "arte", a vida imitando a "arte", a "arte" imitando a "vida"... enfim.
Por favor, me dêem algo novo. Preciso de uma catarse.
Obrigada.
As Vinhas Infinitas de Steinbeck
Há 8 anos