terça-feira, 27 de abril de 2010

Quenta Silmarillion - A História das Silmarils

O Silmarillion. Foi assim batizada a obra póstuma de John Ronald Reuel Tolkien, organizada em texto publicável por seu filho, Christopher, quatro anos após a morte do autor. J. R. R. Tolkien carrega o mérito de linguista brilhante e escritor extremamente imaginativo, cuja obra tem enfeitiçado leitores em todo mundo por gerações.
Seus trabalhos mais conhecidos, a saga O Senhor dos Anéis, tornaram-se populares após a realização dos três longas, de 2001, 2002 e 2003, respectivamete, que remontam à Era dos Homens na Terra Média.

As crônicas relatadas no Silmarillion são dignas de grandes filmes épicos. Isso porque não caberia em um único longa tudo o que foi escrito e descrito sobre a criação do mundo, a ascensão de Morgoth, primeiro Senhor do Escuro, e tantas outras histórias dos Dias Antigos, que ligam a criação e o destino dos primeiros seres à saga das gemas sagradas élficas, as Silmarils, fabricadas por Feanör, e roubadas por Morgoth.

A obra reúne os relatos Ainunlindalë, Valaquenta, Quenta Silmarillion, Akallabêth e Dos Anéis de Poder e da Terceira Era. Ainulindalë versa sobre o primeiro ser, Eru Ilúvatar, e da criação do mundo. Nessa narrativa Tolkien resgata a antiga ideia grega da harmonia perfeita da criação, retratada através da música (Eru, junto com os Ainur, cria o mundo através de temas musicais). Valaquenta é o relato dos Valar, espíritos superiores criados por Eru, responsáveis pela bem-aventurança da terra que era então sagrada (impossível não relacionar à visão cristã de mundo do autor - Tolkien era tão católico que acabou influenciando o trabalho do amigo, C. S. Lewis, autor de As Crônicas de Nárnia). Quenta Silmarillion relata a chegada dos "primogênitos de Ilúvatar", os elfos; da criação dos anões e da chegada dos homens. Trata ainda da ascensão de Morgoth e do roubo das Silmarils, e - finalmente - de como as Silmarils traçam para sempre o destino do mundo criado por Eru. Em seguida, Akallabêth relata a queda de Númenor. Após esses fatos, tem-se início a Terceira Era, a Era dos Homens, entrelaçada à saga dos Anéis de Poder forjados por Sauron, sucessor de Morgoth.

Escritor de imaginação extremamente fértil, Tolkien é o mago das descrições. Para quem não acompanha o ritmo da narrativa tolkieniana pode achar o texto maçante e carregado de informações, visto que o autor é minucioso em fornecer nomes (em élfico, em alto élfico, em língua dos homens, etc) e fatos. Mas a disposição das narrativas em pequenos capítulos facilita o acompanhamento da obra como um todo. Dentre essas narrativas ou fatos, vale a pena enumerar alguns que facilitam o entendimento do texto pelo leitor:

* De Feanor, da criação das Silmarils e seu roubo por Melkor.
* O Juramento de Feanor
* O Fratricídio de Alqualondë
* Das guerras contra Melkor/Morgoth
* De Beren e Lúthien (para mim, a melhor história da saga das Silmarils, cujos personagens foram inspirados no próprio autor e sua mulher, Edith)
* De Túrin Turambar (o relato mais detalhado da história de Túrin está registrado em "Os Filhos de Húrin", lançado em 2007 por Christopher Tolkien)
* Da ascensão de Sauron e da queda de Númenor
* Dos anéis de poder e da Era dos Homens
* Da natureza dos magos (Gandalf e Saruman)

Além disso, nomes que figuram em O Senhor dos Anéis têm origem no Silmarillion, tais como:
* Moria, ou Khazad-dûm (Hadhodrond, em élfico).
* Imladris, que os homens chamam de Valfenda, onde mora Mestre Elrond na Terra Média.
* Minas Ithil: antiga casa de Isildur. Após sua morte o local ficou conhecido como Minas Morgul (Torre da Bruxaria), quando tomado por Sauron.
* Minas Anor: antiga casa de Anárion, irmão de Isildur, posteriormente conhecida como Minas Tirith, a Torre da Guarda.
* Isengard: o reduto de Saruman em O Senhor dos Anéis foi construído pelos numenorianos nos Dias Antigos.
* Mithrandir: nome verdadeiro de Gandalf.
* Curunír: nome verdadeiro de Saruman.

Esse é o meu "caminho das pedras" para contemplar o apaixonante universo tolkieniano de O Silmarillion, repleto de personagens impressionantes e línguas criadas pelo próprio autor, vivas como as inscrições que saltam aos olhos de Frodo ao contemplar o Um Anel após tirá-lo do fogo...

domingo, 18 de abril de 2010

A adolescência pesada numa balança

Sabe quando você pensa que todas as merdas do mundo acontecem na sua família? E você se acha o/a esquisitão/esquisitona, e acha que sempre a grama do vizinho é mais verde? Pense que as coisas podem ser piores e seja bem-vindo - mais uma vez - ao maravilhoso mundo da adolescência!


"As melhores coisas do mundo", de Laís Bodanzky, é uma amostra concentradíssima do que se passa na família de classe média de Mano, um adolescente de 15 anos que sonha em tocar guitarra para comer as menininhas do colégiopequeno-burguês em que estuda.. As coisas começam a mudar quando um problema familiar o coloca numa encruzilhada. Mano tem, então que escolher que atitudes tomar diante de uma "popularidade" instantânea, do preconceito, das inseguranças, dos conceitos formados, do sexo e do amor. Mas sem essa furada de "ter que virar adulto": deixar de ser adolescente não é uma opção que está a seu alcance (talvez a de ser um adolescente menos ababacado, na melhor das hipóteses).


Nem isso salva o filme de alguns clichezinhos do tipo "Meu Primeiro Amor" e os cortes chegam a incomodar, por serem tão perceptíveis. Mas preste atenção à atuação de Francisco Miguez, que faz o papel de Mano, e de Gabriela Rocha, interpretando a melhor amiga dele, Carol. E não faça essa cara de blasé por causa do Fiuk, ele tem seus momentos. Aliás, os melhores momentos do filme são as "cagadas", dos adolescentes e dos adultos, e Mano tentando tirar "Something", de George Harrisson, no violão, e tocando "Stairway to Heaven" para o irmão.


Talvez até sem intenção, o longa mostra que a adolescência parece ser a fase menos racional das nossas vidas, e talvez seja a mais fodida mesmo. Mas quem não teve espinhas, colou pôsteres ou rabiscou as paredes do quarto, chorou no travesseiro de noite, lamentou a família esquisita que tem/teve, se apaixonou pelo garoto/garota mais bonito/a do colégio ou foi reduzido à panelinha dos sem-grupo, que atire a primeira pedra.

Dormir quando você encontra os primeiros pêlos no seu corpo que antes não estavam lá, e só acordar quando sumir a última espinha (porque pés na bunda você continua a levar): é fácil pensar isso da sua adolescência depois que você já passou por ela. Mas extinguir essa fase complicada das nossas vidas também significaria excluir nossas primeiras experiências em MUITA coisa: nossos primeiros beijos e amassos, o primeiro fora, as primeiras espinhas, as primeiras drogas (lícitas ou não), os primeiros acordes de músicas que vão acompanhar a sua vida daí em diante.


Acho que sou meio estranha por dizer isso, mas... saí do cinema feliz por ter vivido essas coisas, e por ter podido inventar meus próprios meios pra descobrir algumas das melhores coisas do mundo, que vão ficar marcadas pra sempre!